[Letra de "Pose de Malandro / Me Querem Morto" ft. Big Léo]
[Parte 1: "Pose de Malandro"]
[Verso 1: Mateus Fazeno Rock]
Todo mundo saiu de casa
Quando um preto véio morreu na trairage'
Pra ver a história toda tem que pagar mais caro
Em resumo ficamo' chorando aquela noite
Mas o dia veio e sem receio
Partimo' rumo ao novo dia
Na ironia, a bala vinha a contra gosto, suor no rosto
Cheiro no pescoço e sem pudor
[Refrão: Mateus Fazeno Rock]
Vou fingir que é sábado
Vou fingir que é domingo
Vou fingir que é sábado
Vou fingir que é domingo
Vou fingir que é sábado
Vou fingir que é domingo
Vou fingir que é sábado
Vou fingir que é domingo
[Verso 2: Mateus Fazeno Rock]
E vou brotar porque sou desses, sou desses
Às vezes eu só quero ficar largado voando
E não sustento a pose de malandro
Não sustento a pose de malandro
Não sustеnto a pose de malandro
Não sustento a posе de malandro, de malandro
[Verso 3: Big Léo]
Deus proteja os malandro' preto
Que arrisca a vida ao sair do beco
Sente na pele a dor, o luto, o medo
E é alvo dessa fome e desprezo
E se o morto é preto, sabe, dá em nada
Eu tô cansado de só tapa na cara
Se o meu black tem maconha, fei?
Para com ideia paia
E quem disse que o preto não passará?
Não se assuste quando tomar o seu lugar
Nascendo no melhor lugar
Ganhando sem ter que roubar
Formado e podendo gastar
Festa de preto é pra se libertar
Força pra continuar
Quem disse que vamo' acochar?
Preto, não se cale pro guarda falar
Aqui eu vejo uns pretinho' igual eu
Que já segurou um B.O. que não é seu
Por causa da maldita vida
Maldita polícia que se corrompeu
Por causa da política de escassez e extermínio
Que o Estado me deu
Das pistolas antes das escolas
Dizem que essa vida nós que escolheu
É pouca encomenda de quadro
Pra muito enquadro levado
Muita chacina do Estado, fei
Preste atenção
Desse lado política tem nos matado
E meu talento não é entregar quentinha
Nem portar ferro o dia inteiro na esquina
Mudar de vida é o plano dos cria'
Tirar mais vida é o plano da polícia
[Parte 2: "Me Querem Morto"]
[Verso: Big Léo]
Me querem morto ou estirado no chão
Vendendo droga ou matando alguém em vão
Desgosto pra mãe preta cheia de frustração
E o ciclo se repete entre os preto' que se vão
Polícia entra na favela e faz chacina
O Estado assina, ainda é chamado de doutor
Dá licença, por favor
É um milhão de dor' que nós não assinou
Direito que eles nos roubou
Somos apenas número' nas suas pesquisas
Dores que jamais saberão
Fome que eles não matarão
Saudade do amigo-irmão que morreu em vão
Até tentou sonhar, mas tiraram seu chão
[Saída: Mateus Fazeno Rock]
Já tentei de tudo, eles me querem morto
Mudei minha postura, eles me querem morto
Não é questão de tempo, eles me querem morto
Me querem morto, me querem morto
Essa é a morte do esquecimento, morte colonial
Com pressa, com dor, com sofrimento
Morte sem moldura, sem retrato, sem família
Morte sem poder se transmutar na travessia
Morte sem poder atravessar
Morte pra matar
Morte prevista nas estatísticas