Sim,
Sou como as flores novas,
Como aroma de brasa,
Sou a bronca da chuva
No telhado da casa
Sim,
Quem me vê deste jeito
Aparente um bruto,
Não escuta meu peito
Pra saber o que escuto.
Se sustento uma espada,
Dizem logo que ofendo,
Nunca me perguntaram
De quantos me defendo.
Vivo neste jogo selvagem
De um amor na cancalha,
E assumindo a coragem
De um herói sem medalha.
Se quando eu sinto esse corte
Que mutila o carinho
Como o sinal de morte
Numa cruz no caminho
Enfeitada de flores amarelas do ipê
Sinto um horror que se deita
Truculento em meu peito
E essa dor que se enfeita
Agitando meu peito
Nesse medo bandido de ficar sem você
"sim
É essa a sinistra visão de mais não ver.
É esse sufoco,
Esse medo enrugado
Que se faz desgovernado
A correr por dentro de mim como princípio de morte.
É esse corte me lanhando aos poucos.
Por isso, esse meu grito aflito.
Essa falta de troca,
Essa forma precisa
Que me inferniza.
Esse nó de arame e fel,
Toda essa coisa louca
Que você coloca em minha boca
Atingindo o céu.
A mesma boca que te canta o canto mais puro e doce que essa vida faz.
Boca que xinga, grita e achincalha,
Que te chama de meu bem, de canalha.
Grosseira e áspera como o ananás:
Agressivo por fora; por dentro, gostoso, puro e bom demais.
Eu sou mais ou menos assim.
E é por isso que mordo, sofro e berro,
Com essa brasa que me ferra ao ferro,
Nesta agonia que me faz sofrer.
Não é nem medo de morrer qual nada,
Ou de ter minhas mãos ou pernas decepadas.
O único medo mesmo que tenho é o de te perder, é o de te perder, é o de te perder!"
Se quando eu sinto esse corte
Que mutila o carinho
Como o sinal de morte
Numa cruz no caminho
Enfeitada de flores amarelas do ipê
Sinto um horror que se deita
Truculento em meu peito
E essa dor que se enfeita
Agitando meu peito
Nesse medo bandido de ficar sem você