[Verso 1: Daring]
Então quer dizer que as atitudes é que ditam ritmo?
Quer dizer que cada vez que acordo é uma chance nova?
Quer dizer que por ser pobre o mundo me esnoba?
E escutando esse verso cê aplaude ou joga fora?
Cada linha que escrevo que logo vira canção
Cada chão que a mãe esfrega vai ser seu ganha pão
Cada carga que gira pra acabar o plantão
Rezando até as oito pra não subir o caveirão
Cada lágrima que cai, por cada cria que vai
Vai visitar Deus, ficou mais um filho sem pai
Será que quem dita o jogo te fala a verdade?
10 anos por agir errado, ficou ele entre as grades
Vendo o sol nascer quadrado, escrevendo suas linhas
E guardando pra cada otário
Que achou que a vida errada traria a visão do certo
Não confie em putas, elas nunca dão papo reto
Se soubessem o que acontece em comunidade
Um minuto que a mídia fala, cês acham que é verdade
E com críticas vão dar valor a gente
Porque de cada dez que morrem, oito são inocentes
Bala perdida? Acreditam em qualquer parada
Bala perdida é o caralho, foi achada e bem mirada
E se preparam pra largar tiro a esmo
Não vão pra pegar traficante, é pra pegar o primeiro negro
[Refrão: PB]
Entre becos e vielas a realidade assusta
Mãe solteira com três filhos, um na boca e dois estudam
O mais velho escolheu o crime pra acabar com o regime
Mesmo com tanto conselho escolheu um futuro triste. (2x)
[Verso 2: Daring]
Mas é que pra somar é raro, pra afundar tem fila
Se cada um fizer o seu, não vai haver corte de brisas
Corte de verbas na educação, exagerado
Vão cortar a porra do pinto e o salário do deputado
Cês tão de sacanagem confiando no cuzão do bolsonaro
A favela acordou e cês tão fudidos
Tentaram nos calar, nós viemos diminuir o homicídio
Estão iludidos, cês tão com merda na cabeça
Querendo jogar criança no presídio, acorda pra vida
Com o ódio que eu tô
Se eu me estressar vou te dar uma porrada lírica
Eu mato um leão por dia pra viver
Salário mínimo, que não faz o mínimo por você
Eu tô cansado de vocês!
Tô cansado de perder um amigo meu por mês
Madrugada bem nublada, sinônimo de cilada
De repente a bala voa, só penso na minha coroa
Que sofre de pressão alta
E pra acabar com a farsa, não quero tiro no peito
Não uso farda. Mas o que escrevo impõe respeito
[Refrão: PB]
Entre becos e vielas a realidade assusta
Mãe solteira com três filhos, um na boca e dois estudam
O mais velho escolheu o crime pra acabar com o regime
Mesmo com tanto conselho escolheu um futuro triste. (2x)