Adeus ao rei do baião que partiu pra eternidade
E em cada coração, deixou imensa saudade
Em tudo na sua voz no currais entre os cipós
Nas bibocas do sertão, no lar de palha de coco diz
A caboclo ao caboclo, partiu o rei do baião
Ê saudade
Cantou a voz do vaqueiro o grito do boiadeiro
A fulô do mandacaru, o Araripe e o Exú, o seu velho Moxodó
E curi bodocó, trindade Araripina, Serrita, missa do vaqueiro
Caruaruça do salgueiro, santa cruz e petrolina
Dói saudade
Cantou o burro de carga o pão suado
Que amarga na boca do nordestino, asa branca em retirada
Da festa de vaquejada do grito do tangerino, a peneira o gibão
Reboco e barro amassado, tudo isso foi cantado na voz do rei do baião
Ê saudade
Cantou meu padrinho Ciço e os romeiros do nordeste, Canindé e
São francisco, o suor daqui do agreste cantou o triste destino do
Caboclo nordestino em cima de um caminhão deixando um meloso
Enredo fugindo sentindo o medo da seca do seu sertão
Doí saudade
Agarrada na sanfona cantou o nordeste inteiro santa biata mocinha
O juá do juazeiro, Paraíba masculina, fauna flora nordestina, beijo de beija-fulô
Cantou velho, cantou novo, o sofrimento do povo foi ai que ele cantou
Ê saudade
Cantou a triste partida, assum preto e sua sina, meu padre frei Damião
Com Maria nordestina, a beleza do arrebol o nascimento do Sol, o triste morrer do dia
A fogueira de são João, a vida de lampião e o seu amor por Maria
Dói saudade
Foi o cantador do povo Menestral da natureza era velho, era novo, sua voz sua riqueza
Não quis ajuntar fortuna fez a sanfona bicuna cantor, cantou que encantou
Mar e terra céu a azul, nasceu no chão do Exu e voltando ao novo Exu, Gonzagão
Se eternizou
Dói saudade