Saudade é manhã, é hora em que você não vem,
Quarto vazio, madrugada, corpo que espera por um bem.
Não há nesses retratos coisa alguma que lhe mude de lugar,
Nem histórias que me levem.
Saudade é coração que pára, ilusão que não convém,
Peito fechado; porta aberta, luz que os olhos não retêm.
Por isso quando você vai, eu entro em desespero
E cometo as maiores loucuras pra enganar o tempo.
Onde você vai? O que você quer? Eu posso lhe dar?
Qual a sua cor? Quem lhe dá amor? Quem lhe trai?
Quem lhe esquece? Eu não. Trago-lhe fotografias, há flores pelo chão.
Leve-me até o fim dessa vez dê-me a certeza do talvez,
Fique para que eu me esqueça de que você já foi.
Saudade vem depois, quando for a solidão.
Corpo fechado; porta aberta – estrada que há de vir.
Vida vazia, tempestade, estação que espera a última viagem (vá em paz),
Um desabafo entre os lábios que se entregam à saudade.
- Vou-me embora, já é tarde.