Kátia ama Paulo, 3 de abril de 81
Ônibus lotado e eu curtindo meu jejum
Foi gravado a faca ou a gilete
Não importa, compromete
Um rabisco na janela já reflete
A iniciativa dela, o seu flerte
Pisam no meu dedo, eu reclamo
Kátia ama, eu não amo
Entupiram este trânsito paulista
Entra um cisco na minha vista, aí eu choro
Quem será que chora, quem será que sofreu danos?
Em 81 eu tinha 17 anos
Será que ainda existe algum romance
Ou se Kátia nunca teve alguma chance
A freada jogou longe meu chiclete
Foi parar naquele guarda, no seu quepe
No próximo ponto eu já desço
Um passinho por favor
Subiu o preço da passagem, sempre esqueço
Kátia e Paulo não me saem da cabeça
Ai minha cabeça, agora perdi meu ponto
Esse motorista corre muito e eu tô tonto
Tem uma velhinha na minha frente
Não importa, eu empurro
Se chiar eu dou um murro
Esqueci meus documentos lá no banco (Quanto banco!)
Desço, tá chovendo, não aguento de nervoso
Ela deve ser morena, alta, magra, faz meu tipo
Esse Paulo é um babaca, eu a amo
Esqueci minha cabeça lá no banco
Entra um fisco na minha vida todo ano
Tem uma velhinha na minha frente
Mas que pernas seu moço!
E ela olha para mim
Esse Paulo é um babaca
Eu reclamo, clamo, inflamo.