Ao amor em vão fugir
Procurei, pois tu
Breve me fizeste ouvir
Tua voz mentirosa, deliciosa...
E, hoje, é meu ideal
Um abismo de rosas
Onde, a sonhar, eu devo,
Enfim, sofrer e amar!
Mas, hoje, que importa
Se tu'alma é fria?
Meu coração se conforta
Na tua própria ironia!
Se há no meu rosto
Um rir de ventura,
Que importa o mudo desgosto
De minha dor, assim,
Sem fim?
Se minha esperança
O que não se alcança
Sonhou buscar,
Deve calar
Hoje o meu sofrer
E jamais dele te dizer.
O amor que é puro
Suporta obscuro,
Quase a sorrir,
A dor de ver
A mais linda ilusão morrer.
Humilde, bem vês que vou
A teus pés levar
Meu coração, que jurou
Sempre ser amigo e dedicado.
Tenha embora que viver
Neste sonho enganado,
Jamais direi
Que assim vivi
Porque te amei!