Deita sobre mim
Fica cara a cara
Sou como balança onde teu corpo é a tara
Poço de água rara
Que teu fogo apaga
E tu ardes em mim
Como febre ruim
E banhas de suor a minha carne
Toma a minha cama e dorme
Tu és o lençol
Que sempre me cobre
E me devassas às escuras
Diz que eu sou tua loucura
Sou caça que tu procuras
Sou pano que tu costuras
Sou presa que tu torturas de paixão
Me marcas assim
Como ferro em brasa
Eu nas tuas horas sou relógio que te atrasa
Sou ave sem asa
Presa em tuas garras
Tu és doença que dura
Tu és praga da rua
Tu és ferida sem cura no coração
Sou tuas noites de serão
És minhas amarras
Grades de prisão
Me rolas como um dado
Descobres os meus guardados
As linhas dos meus bordados
Conheces todos os meus lados
Sabes a cor do pecado e da paixão