Um novo cotidiano
Todo dia eu chego em casa ao mesmo horário
Cansado de outro dia de trabalho
Um beijo na mulher toda desajeitada
Que trabalhou o dia inteiro e também ta cansada
Sendo no meu sofá comprado a prestação
E como sempre eu ligo a televisão
E nela me aparece um moço tão pintoso
falando tão bonito um modo tão jeitoso:
- Aumentou a gasolina, o óleo, o gás e o pão
Nesse mês só vai sobrar pra nós comer feijão
Mas o moço me alivia logo em imediato
Falando que o flamengo ganhou o campeonato
Me diga o que me importa esse tal desemprego
Se eu tenho o meu emprego e minha televisão
Pra assistir minhas novelas, os jogos e o Faustão
Pra esquecer do meu almoço que só foi feijão
Pra esquecer da minha vida que não tem sentido
Eu vou mudando de canal e cada vez que eu viro
Eu vou virando um animal eu vou virando bicho
Eu vou virando um canal vivendo a minha vida
Pela programação que a TV me dita
Mas um dia eu acordo dessa hipnose
Dessa lavagem cerebral
E dessa exploração que vem desde Cabral
E vão aprimorando esse mecanismo
De ilusão e com o modernismo
Não precisa ditatura nem de violência
Pra fazer com que o povo faça reverencia.