Aos poucos
O dia vence a persiana
A luz derrama no colchão
Filetes feitos à navalha
Cortantes como a solidão
Em vão,
Eu tento então cobrir as frestas
Fingir que o tempo adoeceu
E a única opção que resta
É esse breu só meu e teu
É esse breu
Onde eu entrego
Instantes órfãos de futuro
Turva imagem em que eu misturo
O que eu sou e o que eu queria ser
Onde ninguém,
Ninguém precisa escolher
E a pressa perde as esporas
Enquanto a culpa mingua do lado de fora
Mas não
Parece até que o dia faz questão
De entrar no quarto como um ladrão
Pra cometer o ato desumano:
Fazer com que pareça que é loucura
Tentar abandonar a armadura
Que apelidamos de cotidiano
Postado por: Thiago Brandão