Medo
Manhã ganhando o desconhecido
O som da tormenta terrena
A nudez das sombras do espírito
Nascidos antes do espanto do que da misericórdia
Talvez sejamos apenas o sonho de alguém, que se esqueceu de acordar
Todos nós estamos quebrados
Por dentro e por fora
Andando em círculos sobre as incertezas
Todos ali amontados nos escombros dos edifícios
Somos todos náufragos do mesmo barco
Da mesma esperança envelhecida do acaso
Do mesmo destino conjurado antes do tempo
Da mesma garganta que encanta e comove o cadáver
Filhos do silêncio
Somos a memória do mundo
Sei que não é possível viver sempre
É possível viver para sempre
Sei pouco
Sou menos ainda
Mas sinto que cada pedaço meu
É uma metáfora da sua vida
Sei dos teus olhos
Afogados dentro de si mesmos
Me observado na poeira das eras
Nos encharcando da luz primeira
O que sei é que Você me amou
Me amou antes das coisas de carne e de pedra
Antes da linguagem
Antes do conhecimento
Antes da morte
Me amou como uma argila dos séculos
Paciente e humilde em Suas mãos
Nada pode me separar de Você
Nada pode me separar
Você me amou antes do amor existir
Você me amou
E o Seu amor vai nos redimir do fluxo das coisas
O Seu amor vai redimir o milagre do acaso
Sândalo, sim!
É o espírito
Sândalo, sim!
É o infinito
Sua voz!
Despertará, despertará!
O deserto
Oh, Deus!
Quando o amor encobrir a Terra
Será porque estará comigo
Quando a luz envolver a Terra
Será o começo de um novo mundo!
Será o começo de um novo mundo