Lá no mourão esquerdo da porteira
Onde encontrei vancê para despedir
Tem uma lembrança minha derradeira
E um versinho que eu nele escrevi
Vancê, eu sei, passa esbarrando nele
E a porteira bate pra avisar
Vancê não sabe que sinal é aquele
E nem sequer se lembra de oiá
E aqui tão longe eu pego na viola
E aquele verso começo a cantar
Uma sodade é dor que não consola
Quanto mais dói a gente quer lembrar
Vancê talveis não sabe o que é sodade
Uma lembrança vancê nunca sentiu
Pois de esquecer às vezes tenho vontade
Essa vontade o meu peito feriu
No dia que doer teu coração
Tal a sodade que tanto senti
Vancê, chorando, passa no mourão
E lê o verso que eu mesmo escrevi
CD Tributo a João Pacífico, de 1999, lançado pelo selo Som Livre.