Desde a madrugada, já começam a chegar.
Pés e pés descalços, no encalço de um lugar.
Vão se aglomerando aguardando começar
Esse abençoado e suado caminhar.
Quando a missa finda e a Berlinda deixa a Sé
Sai a multidão em procissão a Nazaré.
Mal a corda atrela, o sufoco vela o olhar.
Mas a fé supera e em tudo impera sem cessar.
Ao te ver do Ver o Peso, explode emoção.
No soar dos fogos, todo mundo ergue as mãos.
Roga a ti Senhora, nessa hora proteção.
E agradece a graça alcançada, em oração.
Segue o cortejo, no ensejo de chegar.
Cada homenagem na passagem faz chorar.
A corda é sacudida, em viva erguida sobre as mãos.
Mas da metade em diante,
Quem te puxa avante,
Não são mais os braços,
E sim o coração.
Da cabeça da corda até a Berlinda,
Pelas cinco estações, se estende e não finda.
São mãos que se enlaçam, se abraçam, em coro a gritar:
NOSSA SENHORA PODE ESPERAR
A SUA CORDA VAI CHEGAR.
Não importa a demora, só buscam estar.
Atrelados à Santa e a promessa pagar.
Pés e rostos sofridos querendo enfim exprimir:
NOSSA SENHORA EU CONSEGUI
A SUA CORDA ESTÁ AQUI.