Não fosse a minha alma, essa coisa cansada
Essa curva, essa beira de estrada
Eu falava, eu deixava a viola calada
Eu falava, eu deixava a viola calar
Não fosse a minha vida essa eterna investida
Essa luta entre o tudo e o nada
Eu falava, eu deixava a viola calada
Eu falava, eu deixava a viola calar
A muito tempo atrás eu era um homem
Desprovido de interesse sociais
A muito tempo atrás o mundo andava em paz
A muito tempo atrás eu tinha sonhos bobos
E desejos tão normais
A muito tempo atrás eu não tinha segredo
Eu não sentia medo, meu corpo namorava o mar
E afogasse era um exagero
Eu sabia nadar, eu podia nadar o mar inteiro
Pisar na areia branca e namorar você
E assim quando pensas que o mundo é simples
Como um pensamento de minuto e ponto
A felicidade te encontrará, e jogará você
De volta ao inusitado do querer por querer
E assim será, como a minha alma cansada
Que não deixa a viola calada, que não a deixa calar
No corpo, na alma, e no coração do mar
A muito tempo atrás eu tinha amigos invisíveis
Que hoje se fazem tão reais
A muito eu não via imagens, tão fatais
E o corpo a respirar um ar tão cheio
De ideias geniais, que eu falava e falo
Por serem tão banais do tempo em que tudo traz
Minha casa ontem flui tudo, tudo por demais
Eu olhava, eu deixava a viola calada
Eu cantava, eu deixava a viola calar
Eu amava, eu deixava a viola falar
Eu chorava, minha viola era quem cantava
Eu falava, eu deixava a viola calada
Eu falava, eu deixava a viola calar