Garganta
Antonio Villeroy
Minha garganta estranha quando não te vejo
Me vem um desejo doido de gritar
Minha garganta arranha a tinta e os azulejos
Do teu quarto, da cozinnha, da sala de estar
Veio madrugada perturbar teu sono
Como um cão sem dono me ponho a ladrar
Atravesso o travesseiro, te reviro pelo avesso
Tua cabeça enlouqueço, faço ela rodar
Não te faz de santa, isso é muita cara dura,
Vir com toda essa candura pra me conquistar
Essa tal beata, eu já vi na rua
Não inventa postura só pra me agradar
Vim parar nessa cidade por força das circunstâncias
Sou assim desde criança,
Me criei meio sem lar
Aprendi a te deixar na minha
E só tô te dando linha
Pra depois te ver voltar