A prece amarga em resistir
E persistir num só lugar
O sinal verde, a faixa branca
O aluguel e outras contas a pagar
Daqui da cama tudo é de graça
E é tão bom se sentir lar
Depois o sonho aquece e amansa
Se cansa de ver tudo e tudo emaranhar
Pra não se tornar tão amargo
Despedia-se do dissabor
E erra o tempo do verbo e do tempo
Do sonho e do vento
Pois a cada contratempo
A sanidade é uma pena
Ansiedade é outra pena
E, sem furor
Amorna a morna dor
Amor, tudo é só casca
A pressa amarga em desistir
E estacionar bem devagar
No verso, a borda
Contorna o desenrolar
Do ninho de fios
Aqui é macio
Há cacos de vidro nos muros lá fora
Dentro de mim
Logo respiro
E não me respiro
Tudo é escuro
Se o vento não corre
Não esconde, não se esconde
Nem morre
Casca
Fora de mim
Por vezes penso
Sem vento, sem vento
Tudo é só, tudo é só
Casca