Esse menino
(Arthur Figueroa)
Foi na seca do Nordeste que me afoguei um dia
Foi na carta do baralho que perdi a valentia
Quando o sol estava quente no pino do meio dia
Fiz a cama na varanda pra fugir da covardia
Paguei caro pela vida que a morte não matou
Paguei caro pelo dia que a vida não usou
Paguei caro pelo pão que a fome devorou
Paguei caro pela noite que meu corpo não velou
Paguei caro pelo vinho que a cabeça embriagou
Pára, para que parar
Parar, para que e por que?
Deixe ele ir pra escola
Deixe o menino jogar bola
Este menino vai fazer história
Este menino um dia vai crescer.
Acendi o candeeiro bem no meio do clarão
Rastejei pra liberdade que perdi na escuridão
Pelo Pão e pelo Vinho, pelo Vinho e pelo Pão
Na cabeça do inimigo pelo sangue do Irmão
Escrevi esta poesia na Parábola do Sertão
Já passei por tudo aquilo que o Mestre me dizia
A escola é o mundo tem melhor sabedoria
Professor é a prática, a lição o dia-dia
Sou mais culto que a Ciência e a sua teoria.
Pára, para que parar
Parar, para que e por que?
Deixe ele ir pra escola
Deixe o menino jogar bola
Este menino vai fazer história
Este menino um dia vai crescer