Travesseiro,
Companheiro,
Eu nem gosto de lembrar,
Que tu já foste o abrigo,
No desespero, o amigo,
Onde minh'alma cansada,
Foi tantas vezes chorar,
Ela não merece o pranto que enxugaste,
Naquelas noites de insônia,
Noites de insônia e cansaço,
Na alvura de tua fronha,
Chorando a minha vergonha,
Somente nós dois, travesseiro,
Unidos no mesmo abraço.
Já não vivo mais naquele antigo ninho,
Procuro noutro caminho,
O que a vida me negou,
Se ela regressar, então, travesseiro,
Não lhe digas companheiro,
Que um velho boêmio, chorou !