Chego da roça pra espantar minha canseira,
pego o banco de madeira e vou sentar lá no quintal.
E as galinhas vão subindo no puleiro,
e o meu gado leiteiro vai chegando no curral.
E lá na serra, restos de um sol vermelho
que brilhou o dia inteiro pra ajudar a plantação.
É a mão de Deus abençoando mais um dia,
noite chega e anunciando lua cheia no sertão.
-Me diz Senhor,
-o que eu posso fazer pra poder agradecer a minha vida
de caboclo!?
-Me diz Senhor,
-o que fiz pra merecer!?
-Tudo aqui vem de você e o que faço é tão pouco.
O sono chega, bocejando, pego o banco,
entro dentro do meu rancho, encosto a porta pra
dormir.
Um Pai-Nosso e uma Ave-Maria,
rezo pra minha família que me ajuda a prosseguir.
O galo canta, outra vez é madrugada,
de cabeça descançada, o meu rostou vou lavar.
O meu café é natural, não é expresso,
não sou contra o progresso, mas adoro esse lugar.
-Me diz Senhor,
-o que eu posso fazer pra poder agradecer a minha vida
de caboclo!?
-Me diz Senhor,
-o que fiz pra merecer!?
-Tudo aqui vem de você e o que faço é tão pouco.