Aos 11 anos tão pequena eu sangrei
Dizendo ao mundo que agora eu serei
Visível àqueles tantos que eu evitei
Mas invisível toda luta que terei
Só a inocência entrega minha idade
Peitos, traseiro, meu centro de gravidade
Estabanada, sem jeito, as vezes turva
Ouvindo que essa roupa marca as minhas curvas
Ó, curvas!
Vestido leve, cheiro a flores de jasmim
Quero que levem todo medo que há mim
Braços abertos preparada pra saída
Tô bem assim, já posso ir, estou tão linda!
Ah, me sinto linda!
Bastou andar somente aquele quarteirão
Ouvi de longe um tremendo vozeirão
Braços cruzados numa rua sem saída
Que merda, por que eu vim assim tão linda?
Ah, que merda, eu tô tão linda!
Essa dualidade, quem sabe até despreparo
São tantos anos e o mesmo cenário
Os idiotas da escola que não morreram
Só se multiplicaram e cresceram
E quem sou eu aí nisso tudo?
Marji, Maria, Mercê... misturo
Dia a dia vivendo o luto
Dia a dia, vivo e luto
E ainda sim, meu caros, conseguimos sorrir