A minha casa é um rancho de madeira
Fica no pé da ladeira na encosta do espigão
Aonde eu moro não é preciso dizer
Lugar bom pra se viver, não tenho preocupação
Moro sozinho, por aqui ninguém me amola
Canto modas de viola pra afastar a solidão
A minha vida é mesmo uma beleza
No meio da natureza nesse canto de sertão
A tardezinha na hora do meu descanso
Sento na porta do rancho
Fico olhando no horizonte
O sol sumindo deixando o céu roxeado
E seus raios vermelhados
Beijando o pico dos montes
Faço uma prece na hora da ave-maria
Agradeço mais um dia que passou no meu viver
Entro pro rancho, deito na rede de embira
Esperando um novo dia no sertão amanhecer
Como é bonito quando amanhece o dia
Ouvindo a melodia do cantar da corruíra
Na capoeira o arrolho das juritis
Na mata os bem-te-vis completando a sinfonia
Salto da rede, lavo o rosto na biquinha
Tomo um trago da branquinha
E um cafezinho quente
Levo o almoço amarrado no embornal
Contente eu vou trabalhar
Pra cultivar minha semente
Por nada troco meu costume de caipira
Dormir na rede de embira
Na cintura um facão
Chapéu de palha e vestir roupa remendada
Levantar de madrugada
E caminhar de pés no chão
Comer torresmo com farinha e rapadura
E beber água na cuia, carne seca no feijão
Eu sou caipira, o sertão é meu reduto
Sou sertanejo matuto, caboclo de tradição