Vou contar um triste história de um vaqueiro afamado
Trabalhou sessenta anos ne uma fazenda de gado
E depois de ficar velho, do patrão foi desprezado
O patrão disse, vaqueiro, não pode mais campear
Já está velho demais e escute o que eu vou falar
Vá procurar outro canto pra você poder morar
O vaqueiro disse, patrão, eu lhe peço um favor
Não tenho casa e nem dinheiro e não sei pra onde vou
Já que estou velho e cansado, deixa eu morar com o senhor
O patrão disse, vaqueiro, tá com a carreira encerrada
Pegue sua rede e seu saco, aqui não lhe devo nada
Lugar de vaqueiro velho é morrer no meio da estrada
Pegou sua mala e foi seguindo naquela estrada
Deu um aboio na porteira, correu toda a boiada
Urravam, como diziam, fica meu veio camarada
Os cavalos relinchavam batendo o pé no mourão
A bezerrama chorava, como quem diz, não vai, não
E o vaqueiro, coitado, seguiu naquele estradão
Depois que ele saiu, foi que o patrão foi ver
O valor de um vaqueiro que ele pôde perder
Desde o dia em que saiu, o gado começou morrer
Alí, naquela fazenda, não tinha mais alegria
Tava se acabando tudo, todo dia boi morria
E o patrão, desesperado, não sabia o que fazia
Um dia, o patrão falando, o que que eu fiz, meu senhor
A mulher dele escutando, ligeiro lhe respondeu
Está pagando a maldade de quem tanto lhe ajudou
E o patrão se levantou e disse muito ligeiro
Minha mulher, vou agora andar o brasil inteiro
Gasto o que for preciso, mas eu trago o meu vaqueiro
Pegou o seu carro e foi andando muito apressado
Chegando na capital, perguntou pra o delegado
Você me viu um vaqueiro que andava desprezado
O delegado disse, sim, agora vou lhe dizer
Com saudade da fazenda onde não pode viver
Pediu pra ficar aqui até o dia de morrer
O patrão ficou suado em um grande desespero
Pediu para o delegado, deixa eu ver o meu vaqueiro
Para salvar minha fazenda, eu pago qualquer dinheiro
O delegado, ligeiro, do patrão fez um mandado
Quando ele viu seu vaqueiro, naquela cela sentado
Lhe abraçou e disse a ele, me perdoe, que estou errado
E o vaqueiro levantou e disse, tá perdoado
O patrão veio me buscar para cuidar do seu gado
Sim, senhor, desde o dia em que deixou
está tudo desmantelado
E o vaqueiro, ligeiro, acompanhou seu patrão
Chegando lá na fazenda, foi tão grande a animação
O gado urrava e pulava e os cavalos relinchavam
Pedindo boi no mourão
No mesmo dia, o patrão ligou pra o brasil inteiro
Preparou uma vaquejada e convidou todos os vaqueiro
Daquele dia pra cá
A paz começou reinar na casa do fazendeiro