Eu aqui espero a volta de Saturno
Meu olhar tão puro já não existe mais
Eu ando dando voltas pelo Sol, cantando tão só
Suando os meus sais
Deus me proteja do terror noturno
meu humor casmurro, e ódios triviais
Me dê espaço do laço apertado
abraço forçado das redes sociais
Reforce a coleira da cólera sujeira
Buzinando em minha orelha a manhã inteira
Dizendo: Quebre o vidro, estrague a brincadeira
A bola é sua, eu não quero
Eu vim roubar a bandeira
Eu observo a rota dos planetas
Em suas voltas certas, tão desalinhadas
E eu desejo que todas as tretas sejam só caretas
E virem piadas
Deus me defenda do sorriso falso
e do abraço seco, de alguns camaradas
Me dê distância das mentiras feias
Tão bem produzidas e sempre espalhadas
Me livre desse coma que torna-nos
como reféns de Estocolmo
Ao lado do Estado, escravos acorrentados
Eu aqui espero a volta de Saturno
Meu olhar tão puro já não existe mais
Eu ando dando voltas pelo Sol, cantando tão só
Suando os meus sais