Ama a terra o boi
O magro boi
Lambe a terra em chama
Amarga chama
Roça o balde o fundo
Do poço imundo
Raça moribundo!
Amarga o mundo
Água com limão para o almoço
Água com limão para o jantar
Chama o seu perdão para cear
Reza que o sertão vai virar mar
Vela, então, o seu irmão
Enquanto há chão para enterrar
Cai em frente à cruz
Pois foste feito pra chorar
Já que trinca o solo
O sol assola
Já que trinca o sono
Sono medonho
Já que não se agüenta
De água-benta
Já que não resiste
A vida é triste
Água com limão pra saciar
Água com limão pra variar
Roça o balde o fundo do poço imundo
Para que plantar se vai secar?
E incomodar o seu irmão
Que jaz agora e está em paz
Tanto faz pra ele
Se esta sede não tem mais
Água com limão