Será que eu nunca vou morrer de uma bala perdida?
Será que nunca ninguém vai me jogar nos trilhos do trem?
Terá o meu nome a terrível marca de uma longa vida?
Por que cargas d'água ninguém nunca vai me despachar para o além?
E nem o cigarro, a bebida e as mulheres me transformarão em ninguém?
Será? Será?
Que minha morte vai ser televisionada?
Será capa de revista?
Primeira página, manchete popular?
Será que eu ficarei estatelado na calçada?
Será que eu nunca vou tomar por engano estricnina?
Ou na madrugada ser sufocado com uma almofada?
Será que eu nunca vou morrer de uma doença sem vacina?
Será que eu nunca vou enfiar os dedos na tomada?
Ou será que minha cabeça vai ser decepada?