Vamos contar uma história verdadeira
Que fala de uma porteira
De um boi e um menino
Este fato doloroso, minha gente
É da morte de um inocente
Na estrada de Ouro Fino
Na guampa de um boi preto pantaneiro
O garotinho trigueiro
Não encontrou salvação
Naquele dia o sertão todo chorou
O berrante silenciou
Naquele pedaço de chão
O boi preto, o mais caro da partida
Na primeira investida
Com sangue a estrada tingiu
Mas o sangue do menino inocente
Tal qual uma semente
Um milagre produziu
No lugar que este fato aconteceu
Uma fonte apareceu
E com ela uma figueira
Quem naquele trecho de estrada passar
Com certeza vai lembrar
Do menino da porteira
Com o tempo a figueirinha cresceu
A fonte que ali nasceu
Formou uma cascata
Onde os peões, soldados da campina
Bebem água cristalina
Ouvindo as aves da mata
Dizem até que por obra do Divino
A alma do menino
Abençoou este lugar
Pois na hora da santa Ave-Maria
Até a própria nostalgia
Ali vai pra descansar
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)