errando só no rio
nu corpo da canoa
os olhos no vazio
e o eco só ressoa
o murmúrio do rio
sondaia solta um pio
e a sombra se amontoa
o peito sente frio
o braço rema à toa
a escuridão do rio
"cê vai, ocê fica, você não volta mais"(*)
o mundo por um fio
que a água desenhou
e o corpo conduziu
até que a mão deixou
a vida pelo rio
(*Citação não literal de trecho do conto "A terceira
margem do rio", de Guimarães Rosa.)