Numa folha qualquer ele desenhava
Sol que nunca brilhou
assim cresceu João
Trocou lápis de cor por fuzil e granada
E começou a saga de mais um vilão
O craque do “maraca”
faz um gol de placa na final
Aluno genial,terceiro grau
A família vibra com o mais novo doutor
Primeira namorada, eterno amor
Filhos fortes, frutos do que bem plantou
Todos os sonhos descoloridos no papel
Aquela infância que foi ontem
Já ficou pra trás
Frequenta agora os jornais
Rei de pobres mortais, mas...
Rei num castelo de ilusões
Teus soldados mais fiés
desejam o teu lugar
Coroa volúvel
de acordo com a sorte
Enquanto se esquivar do chumbo permanecerá
Pseudo-riqueza fugindo da morte
O medo onipresente
É um segredo notório
Que vem por trás
do respeito da comunidade
A verdade todo mundo vê
E doa a quem doer
Haverá continuidade
Pois no céu de Brasília
nada se modifica
E a história de João se multiplica
Em um novo rosto
Rei morto, Rei posto.