O tic-tac do relógio já não me dá medo
E sei que quem comanda o tempo tá fantasiado
Manipulando circunstância em prol dos seus desejos
Por causa desses imbecis que eu tô atrasado
Por isso a troca de ódio por aqui é contínua
Que meu desejo de paz já tá até esgotado
Engole o choro, pois o desabafo vem em rima
Vamos pra guerra, meus demônios já tão preparado
Vou atirando verso, talvez acerte alguém
Tiros a queima roupa é o que eles faria
Sem perguntar meu nome e eu já sou refém
Abriram minha mochila e viram poesia
Pois era ali que eu ia, quantos iguais já foram?
Com lágrima no rosto, por isso eu não ria
Serenidade é mato e se eu não sou, alguém seria
Subestimado pelo mundo pra acabar com a fantasia
Assim, assista eu jogar, agora que o campo pega fogo
Treinei 19 anos pra ser o dono do jogo
Quem não é visto não é lembrado, por isso eu sai do lodo
Mapiei seu território até parece que é meu dojo
A história é triste de cá, e sei que isso te comove
Os preto querer ser mais preto, talvez isso te incomode
De social e crachá, se pá o patrão te promove
Isso é o que diferencia seu relatório do meu corre
Eu só queria voar, mas limitaram meu voo
Anseio pela liberdade como o enjaulado
Me sinto preso e sufocado pedindo socorro
Ainda lembro de tudo que de mim foi tirado
Eu só queria voar, mas limitaram meu voo
Anseio pela liberdade como o enjaulado
O amor é puro, e o que me impede é sempre esse muro
Isso só me faz entender que ele é manipulado
Tão pare de fazer careta, que o bicho sou eu
E a cada grito pros meus manos é um incentivo à luta
Vi que, em meu dia de Sol, você apareceu
Mas reparei que cê sumiu no meu dia de chuva
Na minha escola, cantam hino na segunda-feira
Uma boa aula de história não tem na semana
Vão te dizer que honra é ter que servir a bandeira
E a bala que chega até nóis é a bandeira que manda
Nos tumbeiro só existia quem tinha talento
Meus ancestrais pra fazer obra, foram obrigado
Fizeram fuga nas trancinha pra ir contra o vento
Sr de engenho cochilou e acordou preocupado
Sempre serei seu pesadelo e de cabelo alto
Madame que acha que manda vai descer do salto
Pra por revolta nessas linhas, se faltar pauta eu pauto
O baque neles é tão grande que vão precisar de calço
E pra quem nunca teve nada, querer tudo não é pecado
E, se for preciso, eu escrevo tudo outra vez
Ouvindo julgamento de quem não manja palavreado
Meus 13 anos no nordeste me mostrou o que é escassez