Na Marangá que começa
minha jornada sem pressa
porco fardado me estressa
Porque eu não ando de peça
mas eu dou tiro à beça
com o microfone na mão
é tiro de palavra, irmão
tô descendo a rua Barão
eu cago pra lei seca
tô com a boca seca
sou da esquadrilha
no meu território que é a Praça Seca
só não explana a bagana
fuja dos canas
é um olho no padre e outro na missa
que tá cheio de sandália melissa
querendo me fuder, mas não vão conseguir
rataria é meu destino
você sabe, eu sou da Bernardino
eu tô no 28rato
tem que ficar no sapato
o meu talento é nato
pra entocar o mato
que tá no meu bolso
como um preso dentro de um calabouço
e a polícia não encontra
porque só tem uma ponta
e eu dou o pinote
sem deixar nenhum resquício
passando pela cândido benício
eu vou chapado desde o início
o ret parecia um míssil
guardei um pouco pra não ter desperdício
chegamos no Campinho, tô no meu caminho
mais à frente temos Cascadura
você sabe, ás vezes tomo dura
atividade quando vem a viatura
esconde o flagra, segura
porque essa porra tá a ganja pura
mas o cana não encontra nada
em plena caçada
é um palhaço fazendo palhaçada
achou que ia roubar o meu dinheiro
que eu ganhei suado trabalhando o mês inteiro
não! tentou me esculachar, logo eu, tu se fudeu
sua cara de cu é problema seu
Porque eu enganei o bobo na casca do ovo
enganei o otário e segui o meu itinerário
olho vermelho não me explana
enquanto eu atravesso a Avenida Suburbana
sempre no sigilo dos óculos escuros
pulando muros, e escapando dos apuros
eu rimo sem maldade
com complexidade
tô na Piedade
cruzando a cidade
faço rap desde os 10 anos de idade
na Abolição você sabe como é
tô sempre de rolé lá na Silva Xavier
É
Pilares, Del Castilho
A força do meu rap é como um trem que nunca sai do
trilho
Não deixando que eu caia em desgraça
Qualé meu parça
Já tô passando por Maria da Graça
Ligado, escaldado
Porque aqui não tem espaço pra babaca
É de lei curtir o baile no Jaca
Ou então no Manguinhos
Carburando um fininho
Sei que a sorte me segue
Em Benfica a Cadeg
Rola uma cachaça barata
Que não me mata
Que a rapeize é rata
Vê o de farda e corre pra mata
O bonde é cachaceiro, irmão
Disposição
Você sabe que eu bebo sem moderação
Mais à frente tem a verde e rosa
Terra de mulata gostosa
Templo do samba e da prosa
da molecada nervosa
como diria o Cartola com sutileza
alvorada lá no morro que beleza
não pode dar mole na pista
São Cristóvão só lazer, quinta da boa vista
Tá ligado, tem guerreira que tá ali a trabalho
Leva um agasalho
Já cheguei na Francisco Bicalho
Rio Cidade Nova, gosto dessa área
Daqui de longe dá pra ver a candelária
Já na presidente vargas, o sambódromo
o arquivo nacional
Que legal, em frente à central
O Campo de Santana, um lugar bacana
Como ratazana, lá eu fumo um ret sem rodar pra cana
Seguindo o trajeto do buzão
Descendo a Constituição
tô sem dinheiro até pra comprar pão
Praça Tiradentes, ponto final, desci no ato
Esse foi meu rap sobre o 28rato