Pedro Jorge,
Paradoxo de um homem e de um menino
Filho de uma lavadeira analfabeta com um rapaz
Começou vendendo laranja baia na esquina
Do sinal da Avenida Mineira Prudente de Morais
Gastava sua infância cada dia na rua
Compreendeu o preço da luta e passou vender jornais
Logo cedo as janelas, os carros se fecharam
A criança tinha crescido, já era capaz
Uaahh, uaahh, uaahh, uaahh
Pedro Jorge
Retrato da violência e da indiferença
De brasis, injustiça, desigualdade sem mais;
Sabia, Pedro Jorge
Que a vida estava em guerra
Sentia na pele, a cidade estava no caos
Colorido, mesmo amarelo carregava sempre um sorriso
Sabia que era pobre e por isso tinha fé demais.
Pedro Jorge aprendeu na rua a ter ginga
Era maneiro, curtia a vida e não deixava ela parar.
Uaahh, uaahh, uaahh, uaahh (4x)
Mas logo cedo entendeu a fronteira que separava o Pedro do Jorge
Não tinha dinheiro pra tratar sua mãe com infecção hospitalar
Na fila do Sus central entendeu que não estava sozinho
A família "Pedro Jorge" no Brasil é grande demais
Demais, é grande demais, demais
Aonde vai tocar o playlist da cultura nova
Que vai vencer a dicotomia do eu?
Vivendo um tempo diferente
Nesse mundo
Não se esconde a luz debaixo da escada
Deixa raiar o sol
No rosto do menino
E nunca será
Clube de quatro paredes.
Enquanto no leito de sua mãe
Pedro Jorge chorava
Se lembrando do sonho que por seus olhos se realizara
Quando tropeçando nas letras leu as primeiras palavras
Daquele velho livro que sua mãe apenas para igreja carregava
Antes de partir sua mãe disse "Pedro Jorge, meu filho!
O maior encontro de um homem é com a pessoa do livro
Não é palácio, não é política, não é dinheiro, não
Pedro Jorge, meu filho
O homem do livro muda toda e qualquer história!"
Aonde vai tocar o playlist da cultura nova
Que vai vencer a dicotomia do eu?
Vivendo um tempo diferente nesse mundo
Não se esconde a luz debaixo da escada
Deixa raiar o sol no rosto do menino
E nunca será clube de quatro paredes
"Filho, vou encontrar com ele na glória! "