Eu, a esta hora estaria aqui
Pra falar como é que me foram as entradas
Ao ano novo
Mas a realidade atinge
Por isso mesmo eu
Eu
Eu me levanto por essa city
Que chora pelo seu dono
Que já não cala dos seus screams
E não ganha mais sono
Ver crianças a pagar pelos erros
Dos mais velhos
Ver raparigas sem conselhos
E nas ruas o sangue vermelho
Crianças fazem o querem
E tudo que os manos disserem
Por dinheiro e mulher tornam-se
Carne dadas ao vermes
Mas aonde tu estás que aposto tu
A pertence-la
Que a criaste de fauna e flora
E um brilho de estrela
Mas a puseste a ganancia, o ódio e a inveja
Permitiste a hipocrisia
E um Deus a cada igreja
Deixaste que a cidade fosse bebida pela fera
Mesmo distante dela
Não te preocupas em vê-la
Repara nesta city, em cada rua
Em cada esquina
Nelas não há portas
Nelas só há entradas à cortina
Vê o demônio na minha city
E tu tas muito distante
Choros não param, nos olhos saem sangue
Não se preocupem, tó convosco, tó atento!
Estarei sempre com vocês
Até o fim de todos os tempos!
Por que é que deixas o teu mundo
Nesse inferno profundo
Desconsolado sem sorriso
Ao menos por um segundo?
Desconexo do universo, avolupiado pelo sexo
Onde já há sinais, tudo está moribundo
E aquela gente na somália
Onde a refeição sempre falha
E essas terras com surdez
Pelos rumores de bala?
Onde já não há cores
Alguém roubou o arco-íris
Onde tu não respondes
Por mais que ouvires
Pensei que estava sossegado
Mas no fundo não estou
Não te importas comigo, mas afinal quem sou?
A injustiça é demasiada pra esse povo sublime
Nessa city onde seus filhos
Não encontram seu dream
Onde o mendigo chora
Por nunca ver uma estrela
Os manos formados choram
Por não aguentar a panela
E o racismo fez conhecer
Ao mundo o nelson mandela
E o calor da paz eu não consigo oferecê-la
Porque sou uma criança desnutrida pela fome
Aqui não se come
Meus direitos somem
Pela verdade não madrugo
Por que tornei-me insone
Mas quem és tu que a minha gente
Clama pelo seu nome?
Eu não conheço o teu rosto
Porque nunca te vi
O mesmo dessa minha gente
Que sempre espera por ti
A quem não dás afeto
Quando te querem por perto
Querem teu aperto
Mas sim, amas do teu jeito, incorreto
Por que é que deixas o teu mundo
Nesse inferno profundo
Desconsolado sem sorriso
Ao menos por um segundo?
Desconexo do universo, avolupiado pelo sexo
Onde já há sinais, tudo está moribundo
E aquela gente na somália
Onde a refeição sempre falha
E essas terras com surdez
Pelos rumores de bala?
Onde já não há cores
Alguém roubou o arco-íris
Onde tu não respondes
Por mais que ouvires
O que será do crente?
Da criança inocente?
Do pobre que ganha pão humildemente?
O que será do rico que diz
Que pobre não é gente?
E do profeta que diz
Ser teu mas hipocritamente?
O que tens pra essa gente
Que não tomaste conta?
Não deste o que pediram
Bateram outras portas
O que tens do mendigo frustrado
Com sonho acabado
E acusado?
O trabalhador não recompensado?
Mah
Tu pensas em mim ou não me vês?
Ou não nos queres?
Diz-nos, se nosso pai tu não és?
Fim dos dias ninguém sabe se é a morte
Não desfrutamos de ti
Não tivemos essa sorte
Queremos tua presença, tua omnipotência
Que não seja só onírico
Mas real e emergência
Porque aqueles dos comícios
Só nos querem submissos
E na angústia da nossa alma
Subtraem benefícios
Por que é que deixas o teu mundo
Nesse inferno profundo
Desconsolado sem sorriso ao menos
Por um segundo?
Desconexo do universo, avolupiado pelo sexo
Onde já há sinais, tudo está moribundo
E aquela gente na somália
Onde a refeição sempre falha
E essas terras com surdez
Pelos rumores de bala?
Onde já não há cores
Alguém roubou o arco-íris
Onde tu não respondes
Por mais que ouvires
Abençoe essa gente da ralé
Eu sei que muitos tiram benefícios
Pelo sofrimento da minha gente
Dá-lhes pelo menos um motivo de esperança
Aos meninos de rua
Àqueles que não têm onde ter um abrigo
Àqueles que são injustiçados
Toma conta deles
Pois muitos morreram por renunciar
Uma fé contra ti