Pra fazer esta canção, fui buscar inspiração no luar lá do sertão
De repente uma tristeza diferente calou a minha voz, guardei o violão
Agora sou um pobre passarinho que cantou em liberdade
Hoje mora na gaiola
No circo da vida um trapezista, que sonhou pular das nuvens
Acordou com os pés no chão
Pra ser João, Deus me criou do barro
Me deu tudo o que eu queria pra voar, voar bem alto
Mas eu não soube agradecer o meu destino
E de galho, galho em galho, minha casa fiz no asfalto
Quem sou eu?
Sabiá sem majestade, dei de cara com a maldade
Pelas ruas da cidade
Com saudade da minha terra vou morrendo
Um menino da porteira, sem berrante, sem dinheiro
Uma andorinha que sozinha no cair da tarde voa triste sem amor
Xororó vai contar pra minha mãe
Que nas praças e nos parques já não beijo mais a flor
Minha alma foi vendida pra ambição
O meu coração está preso numa cela
Diz que a criança que existiu dentro de mim
E um dia foi feliz ficou lá no colo dela
E ficou lá, ficou lá nos braços dela