Romance Do Frio
Mas oiga-te neste inverno
E que friozote danado
E já de poncho molhado
Pelas tropeadas da vida
Chapéu de aba caída
Num trotezito a lo largo
Pelas coxilhas do pago
Assim me vou nesta lida
Nesta vida de teatino
O galo que me desperta
O poncho é minha coberta
E o chapéu é meu galpão
Os pelegos meu colchão
Neste rancho de humildade
Vou galopando a saudade
Na estrada do coração
Confiando no destino
Sempre há jeito pra tudo
As mágoas de macanudo
A gente leva de graça
Tomo um gole de cachaça
Disfarçando a própria sina
E vou procurar uma china
Que esquente a minha carcaça
Salto domingo bem cedo
Primeiro canto do galo
No volteio do cavalo
Pra enfrentar o corredor
Ainda sinto o calor
Do berço e do aconchego
Que deixei para o pelego
Mais um segredo de amor