Eu não sei se o “sertão é de aço”
Se a “cacimba nova” já secou
Se o “matuto aperreado” no cansaço
Viu que o “passaro carão” não mais cantou
Eu só sei que vou indo passo a passo
Pelas trilhas do poeta nordestino
Vou bebendo essa água de qualidade
Hidratando meus sonhos de menino
Uma ausência anuncia uma verdade
Vinte anos de saudade marcolino
Marcolino cantou “no piancó”
Depois fez um “pedido a são joão”
Pra dançar com seu benzinho um forró
Numa “sala de reboco” no sertão
E pediu pra morena “eu quero chá”
Pois o álcool não faz sua vontade
Se na “boca de caeira” a claridade
Anuncia pra mata o seu destino
Uma ausencia anuncia uma verdade
Vinte anos de saudade marcolino!
Marcolino “caboclo nordestino”
Ao machado mostrou o seu lugar
Lhe fez ver que a “pedra de amolar”
Tem valor como tem “serrote agudo”
Foi contando história a miudo
Que ao “projeto asa branca” deu destino
E cantando a “cantiga de vem-vem”
Feita em verso, confesso, sem alarde
Sua ausência anuncia uma verdade
Vinte anos de saudade marcolino!
“a dança do nicodemos” foi um estrondo
Quase “bota a severina pra moer”
No salão uma “casa de maribondo”
Fez da festa um “forró do fuzuê”
Até “eu e meu fole” gemedor
Na “casa de cantador” fizemos farra
“rio da barra” mostrou fidelidade
Ao poeta que até lhe fez um hino
Mas a ausencia anuncia uma verdade
Vinte anos de saudade marcolino!
“solidão de caboclo” é uma sina
Nos inclina a ter “ciumes da lua”
Eu ouví a “toada de filismina”
A “cabocla matadeira” lá da rua
Transformada na “flôr do pajeú”
Por um “santo fingido” em desatino
“caboclinha” ganhou maturidade
Na vontade do poeta campesino
Sua ausência anuncia uma verdade
Vinte anos de saudade marcolino!