Meus vinte tão no fim e eu tô no meio
Tá acabando o recreio e eu perdi os meus amigos
Meus dias são improvisos em batidas que receio
Estarem em tempo errado mas sigo do mesmo jeito
Neruda e Drummond me falaram hoje mais cedo
Sobre amores e medos, rabiscos e segredos
O vinho mais barato é clichê mas serve ao enredo
E todos somo normais, só muda a forma e o contexto
Reflexo de pais sem condição ou estrutura
Difícil ruptura entre ser ou não igual
Letal filosofia que rouba meu sono hoje
O que me faz humano é o que me mata enquanto animal?
Exatamente onde eu não devia estar aproveitando o tempo de maneira duvidosa
Alegria ociosa, odiosa e desconexa
Termina onde começa e o fim me veste feito lepra
As chaves que Jose não tem também não sei onde estão
Sigo em combustão enquanto o signo me molda
Ao paço que eu vivo percebo que o que sobra
É mais do que esperava então odeio a minha obra
Pequeno grande homem me mordendo igual a cobra
Me cobram lucidez, mas o mundo segue drogado
A anestesia é toxica e o wifi sempre ligado
Me sinto perto deles sem ao menos ter tocado
O galo canta fora do horário
Não entendo o itinerário que o mundo me propõe
Suponho que ter sonhos é ridículo vendo o numero de vezes que embaçam minhas visões
Artimanhas do destino que em seu trono arquiteta que o teto caia em cima das nações
São essas noções que me invadem as quatro e dezenove
E me esvaziam quando chega o amanhã
O choro seco é o pior
Pois não anuncia a vinda
E só cessa quando a vida não é vã