Quando eu era pequenino
Filho de um caboclo pobre
Com os meus olhos de criança
Eu não via diferença
Entre povo e gente nobre
Certo dia eu vi meu pai
A olhar meus pés no chão
Duas lágrimas doídas
Que corriam em seu rosto
Me cortaram o coração
Foi então que eu entendi
O que é vida no sertão
O caboclo que dá duro
Pra ganhar algum dinheiro
Que mal dá para o feijão
Coronel ganha dinheiro
Caboclinho na enxada
Tudo é farto na fazenda
Mas pro pobre se der sorte
Só comida requentada
Minha santa padroeira
Eu não sei como é que pode
Será que o Deus dos ricos
Não encontra um tempinho
Pra olhar também pros pobres
Ou será que o Deus dos pobres
Se cansou de tanto ver
A maldade que há no homem
Que maltrata outros homens
Só querendo enriquecer