De vez em quando, no horizonte do passado
Surge uma nuvem de lembranças andarilhas
Vai repontando pra dentro do meu peito
A minha infância com seus ossos em tropilha
Tinha mangueira com banheiro bem cuidado
Tinha piquete e um campo onde invernava
A minha tropa era de puro pedigree
Toda de osssos descarnados que campeava
Gado de osso que foi parte do meu mundo
Carro de lomba e trator de cortiçeira
O meu bodoque e o banho de açúde
Foram na infância minha vida verdadeira
Tropa de osso quem não teve quando piá
Ou não foi piá ou não viveu como nosotros
Como era lindo a gurizada se entretendo
Com os ossitos que eram bois, ovelhas, potros...
Noutras andanças toco as rêses dos meu sonhos
Por algum Estreito corredor feito esperança
Algumas vezes sou tropeiro, outars sou tropa
Mas sempre guardo os bois de ossos na lembrança.