Sinto como se estivesse voando bem alto
Um vôo de muita tristeza e maldade no ar
Todos me olhando com aquela mesma nóia
Nos olhos
Um gesto meio torto; mais um motivo a matar
Uhhhhhhhhh
E ao dormir com os meus olhos abertos
Me vejo como uma gestante a dar a luz
Que nunca se acalma ao sentir uma dor no umbigo
Seja lá como for essa dor, uma força conduz
Uma vida toda guiada pela escuridão
De tanto horror o medo parece insistir
E todo mundo deitado no mesmo chão
Tudo que se pensa agora, é na morte a surgir
E no meio da noite um grito, um grito bem seco
Todos começam aos poucos a se juntar
E gritando cada vez mais alto e intenso no
Corredor
Uma forte dor no peito, tento parar de gritar
Uhhhhhhhhh
Quando paro por um segundo e penso
Me vêm uma revolta grande de emocionar
Logo volto a pensar no que virá mais cedo
Uma dor em minha costela, ah eu quero
Chorar
Aguento firme aquela dor em meu corpo
Mostro pro filho da puta que não doeu
Não demora muito, levo um chute no olho
Porra!!! Eu penso; esse cusão me bateu
Além de me fazer sentir humilhado
Aproveita do poder que tem pra judiar
Me deixa com o corpo, corpo todo marcado
E o coração sentido, aí eu vou me deitar
Uhhhhhhhhh
Tudo parece ficar de repente bem calmo
Mas logo me vem a notícia que o pedrão morreu
Não agüentou a paulada que levou na nuca
Um final bem triste pro pedro, ele não mereceu
Ah, eu sei meu pai que não sou nenhum santo
Mas a vida não merece mesmo, mesmo ser assim
E se um dia existir de verdade no túnel uma luz
Que essa luz ilumine meu sono, em um sonho de paz
Composição: Dhan de Oliveira