Pauê - 1ª parte
Vejo interesses dominantes burgueses
Ovo maltine no leite do luxo se desfrutar
Mas seu dim vem da gente, pobre se vira do avesso
E trampa todo dia dos meses pra família sustentar
Fumaça está no ar, neblina tóxica
Fugiram da lógica, máquinas funcionando toda hora
Não ensinaram na escola as perguntas sem respostas
Me deram o carrinho sem ao menos tá com a bola
E o povo se aderiu a moda coca-cola
A empresa que direciona a massa de manobras
Na migué tamo trampando pra político
Em tempos modernos me sinto um escravo egípcio
Domingão já me contenta macarrão, franguinho frito
Já tem uns que vende a mãe
pra não passar perrei sozinho
Fim do ano patrão, verão, na porção de camarão
Só 2 dias pro peão, reveillón vai pro boqueirão
Derrubaram florestas, pra construir edifícios
São projetos, projetos pro novo míssil
Quem é rico (hã!) será pra sempre rico
A herança deixada é que faz girar o ciclo
Sistema, quer fazer do seu sonho um carro
Joga valores na sua vida
você não pode é dar um abraço
Luca - 2ª parte
Ao nosso ver, o castelo não é tão belo
Tem presos no porão todos eles de chinelo
E na masmorra a princesa do bang nem imagina
Que a nobreza do rei põe sangue na guilhotina
O jogo é sujo, mas quem tem ouro tá tranquilo
Elimina o inimigo, joga pros crocodilo
Carrasco é um de nóiz, dá asco de ouvir sua voz
Tacaria no penhasco fogo amarrado em lençóis
Só pra vê se toparia enganar o povo de novo
Tô pra vê o que eles faria, não fica só em pedra e ovo
Nem sempre o bobo da corte é tão feliz
às vezes na calada chora igual um chafariz
É triste, só sofrimento
Os forte resiste sem armamento
Em tempos de novos tempos de tormento e opressão
O início do fim da era, não sei se essa a visão
Momentos que vem de ventos que trazem a depressão
Dificíl tapar a cratera que impede a revolução
Mas fácil um tapa na pantera só chapar ficar balão
Mas se a pantera toma um tapa, parte pra agressão
Encarte pra produção, fazer com noção a arte
Ação, motivação, total visão disso em parte
Pensando somente, na nossa massa (amigo)
Então pegue e reparte, e se já fez refaça
Ferap - 3ª parte
O que menos ganha é o que mais dá um trampo
Em dia de chuva tá sujeito ao barraco descer o barranco
Famílias despejadas de terrenos e "se vira"
Vai e não olha pra trás se não a polícia atira
E foda-se permissão pra matar pobre sem dó
Certeza que eles pensam: "quanto menos deles melhor"
Abandonaram o gueto na miséria
Só com o cano na boca do boy
vocês vê que a fita é séria?
Com os filhos passando fome foda-se o caráter
Quem se autorretrata
como herói parceiro é o peter parker!
Ao nosso ver a favela precisa de assistência
Se depender do governo é só velório e penitência
Kassab de helicóptero, vida política é dura
E tem cego mendigo pedindo esmola
em frente a prefeitura
Querem bens materiais e padrões de beleza
E na rua quantas mães
e filhos lutam contra a fome e a pobreza
Mas por incrível que pareça existe
Gente triste em mansões e feliz em barraco de maderite
Cada situação uma solução
O que resta pra sí de outras ação, é só lição
Ser mc é mais que meter um flowzinho e falar que é zica
Ser homem é mais que catar mulher e meter a pica
Ao meu ver, pros bico acabou
Aí vagabundo não sabe
minha caminhada não questiona quem eu sou