Foi sem demora
Pegou sua lâmpada na estante
Feita de barro
Por fora pintada de um azul brilhante
Vestiu sua melhor calça jeans
Blusa estampada com frases e flores
Combustível na mochila
Fósforos no bolso e se foi
Olhou as horas
Apressou o passo até o ponto de ônibus
Sorriu a uma senhora
Deu bom-dia a uma mulher gestante
Sentou num banco olhando os pombos da janela
Tirou do bolso e separou nas mãos moedas
Comprou pé-de-moleque na mão de um garoto
E comeu
Nanda
Todo dia quando ela levanta
Rega no seu peito a esperança
De que esse dia seja bom
Canta quando chora
E chora quando canta
De alegria por saber que hoje
Pode ver de novo o grande amor
Releu uma carta
Que ela guarda a anos dentro de uma caixa
Seus olhos brilharam
Como duas velas de aniversário
Foi então que o ônibus parou
No ponto exato em que ela sempre desce
Caminhou uns passos
E em frente ao lago se sentou
Tirou da mochila
A parafernalha que sempre trazia
Encheu a sua lâmpada
Sabendo que não estaria mais sozinha
Olhou as nuvens boba e sorriu
Riscou um, dois, três fósforos e viu
A luz que já brilhava
Jogou os pés na água
E esperou
Nanda
Quando ele chega ela levanta
Notam-se no céu de sua boca
Fogos de artifícios explodirem
Dança no sorrir
E sorri quando dança
De alegria por saber que sempre
Viverá com seu grande amor
Oh Nanda
Todo dia quando ela levanta
Rega no seu peito a esperança
De que este dia seja bom
Canta quando chora
E chora quando canta
De alegria por saber que hoje
Pode ver de novo o grande amor
Foi sem demora
Pegou sua lâmpada na estante