Menino preto se levantou e foi pra plantação
Pro canavial, pro canavial
Menino preto se lembrou que a vida, às vezes, engana
O coração, o coração
E se lembrou de umas histórias da infância
Do sol batendo no seu rosto de manhã
De sua mãe nos terreiros de umbanda
Sendo morta a pedradas pela fé cristã
A muito tempo ele caiu numa piada
Que hoje chama por costume pátria amada
O tempo passa e hoje a pele não diz nada
Nada que possa separar quem anda nessa jornada
Menino branco se levantou e subiu na janela
Pra ver o quintal, para ver seu quintal
Menino branco se lembrou que a vida, às vezes, engana
O coração, o coração
E se lembrou de umas histórias da infância
Da janela estilhaçada de manhã
Da cor do piso sob a luz da madrugada
E das marcas na parede quando tudo acabava
A muito tempo ele caiu numa piada
Que hoje chama por costume pátria amada
O tempo passa e hoje a pele não diz nada
Nada que possa separar quem anda nessa jornada