Aqui o mercado já tá saturado, e quem comanda O Sistema é quem merece o respeito
Ninguém discorda, ninguém debate, ninguém lamenta, e Pronto, basta ser rico para tá acima de qualquer suspeita
E Hoje em dia o radio cala a boca e abre as perna, dinheiro manda seu martelo para bater na mesa
E se fudeu, mais uma porta vai fechando, e o muleque que escrevia as mais belas canções
Mais um poeta, nascido e criado na rua, carisma de artista, inteligente, uma figura
Agora corre apressado, durante o sinal vermelho, vendendo suco para arrecadar algum dinheiro
Se ele pudesse dizer tudo o que sente no peito, diria mano, jamais ví tanto preconceito
Pois há quem ganhe milhões em cima da miséria, do crime e da fé, da vida na favela
Industria Rica em Ascensão eu já consigo ver, dois ou três anos e pá,para tudo acontecer
No vai e vem dos negócios, quem é paga o salário, quem é que manda, e quem no fim é comandado
Jabá, propina e sussesso, Fama, dinheiro e futuro, putas de luxo, carros, ser luz no meio do escuro
Muitos espertos Sim,alguns bem mais que os outros, Gladiadores de Elite, no Coliseu Musical
E nesse filme eu já conheco o teu final feliz, pobre muleque perdido na beira do abismo
Olhando em volta cansado e vendo tudo passar, agora ganha até mais , toca num lindo bar
Localizado e construído estratégicamente, em Frente a Faculdade, gente seleta e decente
Quem tem dinheiro dos pais estuda quando quer, gente de vida ganha e é o que o sistema quer
E vão lotando mesa a mesa até a calçada da rua, bebendo muita cerveja, paquera rolando solta
E ele só tem o seu dom, para garantir seu futuro, cantar para o resto da vida sussessos de outros conjuntos
A noite chega é fim de dia e ele volta para casa, cansado e quase exausto, não comeu quase nada
Ganhou quarenta reais, mesmo com a casa lotada, gente de fora ouvindo, tinha até fila de espera
E no caminho de volta ele se lembra, e como um trailler de filme vê sua vida inteira
Ainda novo, ainda o mesmo sonhador, com pouca idade e talento, despreocupado com o tempo
Já era a hora, corria para o parque ouvir, Zé Pimentel tocando pandero e bandolim
Cassio Fagundes, Hélio Mesquita, Lucio Teixeira no palco e a galera pulando
Sabia desde ali, o que queria ser, entrar no jogo e ganhar, era vencer ou vencer
Mas nao, nao, nao era isso o que eu esperava, pedi uma chance para a vida e ela bateu na cara
Ví todo mundo crescendo, muleque virando homem, amigos indo embora, morrendo ou caindo fora
Tentar mudar de vida, me diz quem é que nao quer, me diz quem nao quer tentar, viver de cabeça erguida
Mas na favela, as chances são escassas, quem estudou de verdade, não sabe é quase nada ...