Eu queria dormir dez dias inteirinhos
E durante esse sono o mundo podia explodir
Pra que quando eu acordasse descansada
Não iria restar absolutamente nada
Nada pra sentir
Nada com o que me preocupar
Nada pra ferir ou pra me tirar do sério
Não iria pingar uma gota do mistério
Que dói esse mistério de existir
Pra quê essa mania de insistir
Na busca incessante por saber?
Se corre o grande risco de não sermos
Dói esse mistério de existir
Porque essa pergunta a persistir?
Que rumo delirante é morrer?
Se corre o grande risco de não sermos nada
Corre o grande risco de haver mais nada
Pra sempre um dedo em riste por sabermos nada
Eu queria dormir dez dias inteirinhos
E durante esse sono o mundo podia explodir
Pra que quando eu acordasse descansada
Não iria restar absolutamente nada
Nada nada nada nada nada nada