Ipanema, me ama e violenta.
Me assalta e me encanta com suas amendoeiras.
Na luz de um instante deslizo nas suas ondas.
Morro nas suas calçadas em dias ensolarados.
Respiro ao sabor do vento
Que vê no mar uma janela pro infinito.
Esse é o meu lugar se o mundo é uma antena.
De Ipanema eu mando o meu sinal.
Primavera tão fora de hora,
Cidade quente, inverno indecente.
Ipanema tão vítima da moda,
Assim como eu, andarilha das tuas esquinas.
Com seus velhos, bebês e meninas, Ipanema já virou canção.
Farme, Vinícius, Redentor, Baixo Leblon, você me raptou.
Bar Lagoa e cinema, Estação Ipanema, minha Nossa Senhora da Paz,
Meu Central Park é aqui, onde foi que eu me meti.
Em que utopia de cidade eu estou,
Onde eu afoguei meu rock and roll and blues.
Sol o ano inteiro, é o Rio de Janeiro.
Sonho horizontal na realidade vertical.
Pode ser o inferno mas a ressaca tem fim,
Outra janela se abre pra Ipanema de Jobim.