Um dia me disseram
Entregue tempo ao tempo
E eu, ensurdecido
Perdido no momento
O tempo, passageiro
Dançando pelo vento
Segue despreocupado
Às vezes violento
E vendo a juventude
Relâmpago sereno
Luzindo amiúde
Calado contratempo
Não sabe se vem outro
Ou se como ele não tem outro igual
E sem saber pra onde
Na dúvida espero
Contemplo bem de longe
Refém de tanto esmero
Pois basta a cada dia
A agonia do seu próprio mal
Um dia me ouviram
Gritar de desespero
Alguns se admiraram
E outros com receio
Mas o Senhor do tempo
Fazendo tiro certo
Sorrindo num aceno
Me transportou pra perto
E o meu passado vendo
Tão velho e amarrotado
Eu desaparecendo
E sendo transformado
Mais alvo que a neve
Devia ser assim especial
Pensei então nos lírios
Crescendo pelos campos
Também nos passarinhos
Vivendo em seus bandos
Eu entrei no descanso
E fiz minha morada em seu quintal