Um boizinho lindo quis ser amado
Confiado no amor que tinha pra dar
Pensou que a vida fosse fantasia
E saiu louco a se entregar
Não andou muito e logo avistou
Aquela que seus olhos queriam ver
Jogou-se feito aventureiro ao mar
E naufragou, sempre a chorar
Que desilusão
Que tristeza de amargar
Lua seca, sol minguante
Sonhos sem fim a navegar
Com o coração partido
Em brumas de solidão
Sem língua, à míngua
Singrava, sangrava
Nas noites do Maranhão...
Ouvindo a festa no terreiro
Da alegria bem distante
Seu chocalho era de lágrimas
Rio de mágoas, delirante
Mas sem querer, sem evitar
Seu papel de seda molhou
Tingindo de sangue a água vadia
Em agitos de ondas em cio
Evaporou e acordou orvalho em flor
Esse boizinho afoito hoje é outro
E vive a umedecer pólen no ar
Num gozo gasoso, um ardor
De cacos de espelhos, seu tesouro
Besouro querendo encantar