Meu amigo João
Letra: Nildo Viana
Música: Edmilson Marques
Intérprete: Edmilson Marques
João era um cara muito legal
Também era engraçado e “normal”.
João é meu amigo, meu amigo João
Ele está perdido, está na contramão
Meu amigo João
João queria defender o povão!
Não estava contente com a situação
Um mundo cheio de exploração.
Era preciso acabar com a dominação.
Era preciso acabar com a opressão
João entrou num partido
Para seu sonho realizar
Ajudar o povo a se emancipar
Mas o partido estava desunido
Estava repartido
O seu sonho logo foi demolido
Cada grupo queria um cargo e “sua parte”
Em partes ele estava repartido
João foi aprendendo e praticando esta “arte”
Em toda parte
Reuniões, conchavos, trapaças e armações
Cada vez mais distante do povo
Mesmo quando do seu lado
Um mundo isolado e desolado
João foi mudando e gostando
Novo cargo e trabalho alienado
Uma alienação mais reconfortante
Que dá prá comprar um terno elegante
Se aburguesando
João mudou de amizades
Dinheiro não traz felicidade
Mas compra falsos amigos e beldades
E reproduz a solidão, triste realidade
Mediocridade
João não usa mais camiseta e bermuda
Terno e gravata trazem distinção
Isso ajuda a “representar” o povão
Agora no parlamento é onde se trava a luta
A falsa luta, falsa luta, falsa luta
João agora usa o dinheiro imundo
Não se lava e aperta a mão de todo mundo
Mas tem a palavra mágica como recurso
Político não esquece o povo no discurso
Só no discurso
João na plenária, João no palanque
Mas fora da área e com a vida estanque
João com sucesso, João no protesto
Para ganhar eleição, e se dizendo honesto!
Tudo pelo sucesso
João começou como um militante
Hoje é um político profissional
João já viveu por um instante
Hoje morreu na burocracia irracional
Frio e racional
O destino de João é o destino de um milhão
No bolso ou nas ruas, no campo e na cidade
Um pobre rapaz com uma boa intenção
Corrompido pela vida desta sociedade
Inautencididade
João morreu ou vive sem coração
João acabou e ainda ganha eleição
Vivendo à custa do povão
Que em troca ganha ilusão
Ilusão da votação
Agora é chamado “João mesquinho”
Foi grande e se tornou pequenininho
Agora João não é mais meu amigo
E do povo virou inimigo!
Inimigo, inimigo, inimigo.