Foi trabalhar recomendada pra dois gringos
Logo assim que chegou do interior
Era um casal tipo metido a grã-fino
Mas o salário era tipo um horror
A tal da madame
Tinha a mania esquisitona de bater
Lhe baixava a porrada
Quando a coisa tava errada
Não queria nem saber
Doméstica!
Ela era...
Doméstica!
Sem carteira assinada
Só caía em cilada
Era empregada...
Doméstica!
Nunca notou a quantidade de giletes
Não reparou a mesa espelhada do salão
Não perguntou o que que era um papelote
“Baixou os homi” e ela entrou no camburão
Na delegacia
Sua patroa americana ameaçou
Lembra que eu sou uma milionária
Eu fungava de gripada
Não seja otária, por favor
Doméstica!
Traficante disfarçada de...
Doméstica!
Era manchete nos jornais
O casal lhe deu pra trás
Sujando brabo pra...
Doméstica!
No presídio, aprendeu com as “companheira”
A se dar bem, a descolar como ninguém
Ficou famosa no ambiente carcerário
Como a mulata que nasceu pra ser alguém
Pois não é que a...
Doméstica!
Conseguiu uma prisão...
Doméstica!
Saiu por bom comportamento
Mas jurou nesse momento
Vingar a raça das...
Domésticas!
Então alguém lhe aconselhou logo de cara
Dá um passeio e vê se arranja algum barão
Porque melhor que interior ou que uma cela
É ter turista e faturar no calçadão
Até que um dia
Um Mercedinho prateado buzinou
Era um loiro alemão
Que lhe abriu a porta do carro
E lhe tacou um bofetão
Doméstica!
Virou uma baronesa...
Doméstica!
Mesmo com as taras do barão
Segurou a situação
Levando uma vida...
Doméstica!
Realizada em sua mansão em Stuttgart
Ouvindo Mozart e Beethoven de montão
Com um pivete mulatinho pela casa
Que era herdeiro e de olho azul como o barão
Precisou de uma babá
Botou um anúncio bilíngüe no jornal
Seu mordomo abriu a porta
Pruma loira meio brega
Uma yankee de quintal
Doméstica!
Era a americana de...
Doméstica!
A nega deu uma gargalhada
Disse agora to vingada
Tu vai ser minha...
Doméstica!
Doméstica!
Era a americana de...
Doméstica!
A nega deu uma gargalhada
Disse agora to vingada
Tu vai ser minha...
Doméstica!