Saudade, palavra doce,
Que traduz, tanto amargor,
Saudade, é como se fosse,
Espinho, cheirando a flor.
Saudade, ventura ausente,
Um bem, que longe se vê,
Uma dor, que o peito sente,
Sem saber, como e porque.
Um desejo de estar perto,
De quem está longe de nós,
Um ai, que não sei a certo,
Se é um suspiro ou uma voz.
Um sorriso de tristeza,
Um soluço de alegria,
O suplício da incerteza,
Que uma esperança alivia.
Um longo olhar que se lança,
Numa carta ou uma flor,
Saudade, irmã da esperança,
Saudade, filha do amor.
A saudade é calculada,
Em algarismos também,
Distância multiplicada,
Pelo fator, querer bem.
A palavra é bem pequena,
Mas diz tanto, de uma vez,
Por ela, valeu a pena,
Inventar-se, o português !